terça-feira, 25 de agosto de 2015

Confissões de uma impaciente

Ju e André






























Posso me lembrar claramente dos primórdios de minha pequena paciência.
Pequena criança com paciência menor ainda.

Sem paciência para desvendar charadas
Sem paciência para estudar piano
Sem paciência para procurar as coisas que minha mãe mandava encontrar.
Ela sempre ia lá e achava...

Assim fui crescendo...
Lendo os finais dos livros antes de ler o começo,
Passando os filmes para frente sem paciência para longas cenas de ação...
ou apenas para não sofrer com a espera do desfecho.

Então me apaixonei por escrever...
Porem sem paciência para redigir textos/livros  longos porque não tinha paciência de esperar muito para conhecer o final da historia que estava dentro da minha própria cabeça.

Atrasos?

Nunca tive paciência para esperar por ninguém.
Então para trazer um certo tipo de equilíbrio para meu universo, passei a ser sempre adiantada.
Em tudo.
Não queria esperar por ninguém e por isso não queria fazer ninguém esperar por mim. 

Outra dificuldade da minha impaciência é de esperar até os aniversários e datas comemorativas para entregar os presentes que comprei com tanta antecedência.


Feliz dia das mães em março mamãe!

Então casei com um paciente.
Que graças a Deus tem paciência por ele e por mim também.
De vez em quando diz amorosamente que sou a pessoa mais impaciente do mundo- já não soa como crítica.

Você deve estar pensando que não chegarei  a nenhuma conclusão com esse texto. Tenha paciência oras!

Vivia muito bem minha vida de impaciente. 

Então tive um filho.
Ele chegou na hora certa.
E minha vida de impaciente foi dobrada no meio.

Primeiro porque nasceu de mim- um impaciente- que não esperava duas vezes antes de abrir o maior berreiro desse planeta Terra pelos motivos dos mais variados que eu como mãe de primeira viagem não sabia como adivinhar ou entender.

Dormir? "Nunca mais" é a expressão que melhor exprime a situação.
Por que ele está chorando? Não sei.
E quando vai parar? Também não sei.

Quando? Que horas? Como?
A impaciente não tinha as respostas para sua condição.
As respostas não existiam.


Pausa para uma constatação importante: nunca mais cheguei na hora marcada. Sim, caros leitores pacientes, quando você tem um filho coisas estranhas acontecem quando você está com a chave da casa na mão.


Falando sério e em português bem claro especifico quase cientifico moderno: faltou pouco para eu surtar.


Mas o incrível é que até  as impacientes são empoderadas quando viram mamães.
Bem, não posso dizer que estou curada.
Mas meu bebe tem me ajudado a ver as coisas com outros olhos.

Olhos que estão aprendendo a enxergar um momento de cada vez... 
e que suspiram agradecidos mesmo sem saber a hora certa para...tudo.

Talvez agora seja o momento para eu tentar me aventurar em tudo que a falta de paciência sequestrou da minha vida...

...Mas uma coisa de cada vez.